Não se comparem a Luciano do Vale. Ele era único |
Os sociólogos dizem que existem
vários Brasis dentro do Brasil. Pelo tamanho territorial, diferenças sociais,
distribuição de renda, acesso às Universidades e por aí vai. Neste 19 de abril
de 2014, todos os Brasis se encontraram e choraram a morte de um homem que conseguiu igualar algo inimaginável:
Colocar no mesmo nível pobres, ricos, brancos, negros, índios, analfabetos e os
donos do saber. A Emoção. Ela não escolhe em qual ser humano ela vai explodir.
Simplesmente ela entra e toma conta de cada um de nós.
Como lamentar a morte de alguém
que nem sequer conhecemos? Nunca apertamos a sua mão? Não recebemos um recado
pelo telefone? Jamais dividiu conosco a mesa de bar? Por que nós brasileiros
não gostamos de Futebol, Automobilismo, Vôlei, Basquete ou Tênis. Gostamos de
Ganhar!! E todas as nossas vitórias no esporte foram embalados pela voz de
Luciano do Vale. É neste momento que todos os brasileiros são iguais. Na arte
de torcer com a emoção. Isso ele era mestre. E nos ensinou.
Sinto-me um grão de areia na
imensidão da terra ao lembrar-me que também sou locutor esportivo. Não me
atrevo sequer a dizer que aprendi com ele, ao ouvir suas narrações nas tardes
de domingo. Recuso-me a ouvir de alguém que trabalha com a voz dizer que o
imita e que seu timbre de voz parece ao de Luciano do Vale. Não, não há nada
parecido a Luciano do Vale. E também não haverá.
Ele transformou jogadoras comuns
de basquete em Mágicas e Rainhas, campeãs no coração de todos os brasileiros.Uniu o vôlei de Brasil e Russia e balançou as estruturas de um gigante chamado Maracanã. Fez de um pedreiro humilde a referência em um esporte que o Brasil havia se
esquecido e o transformou em um pugilista de sucesso. Sim!! O Brasil voltou a
gostar de Boxe com Luciano do Vale. Mudou a tela da televisão brasileira ao
criar o Canal do Esperte na Rede Bandeirantes e trouxe para dentro de nossas
casa os campeonatos europeus. Tenho certeza de uma coisa: Luciano do Vale não
sabia de sua importância para o Brasil. Quantas pessoas gostavam dele? Quantas
o reverenciavam? Isso ele não sabia.
Tenho dito sempre que tenho
orgulho da minha profissão de Jornalista Esportivo. Neste ponto eu posso dizer
que pareço ao Luciano do Vale. Tenho orgulho do meu diploma em Jornalismo
conseguido em quatro longos anos de Universidade. Igual a Luciano do Vale.
Respeitosamente quero dizer: Vá
com Deus meu ídolo. Um dia estaremos juntos, aí então vou poder apertar suas
mãos e dizer: Sou seu fã.